Era Domingo de Pentecostes e os soldados de Maomé II derrotavam os de Constantino XI Paleólogo, assumindo o controlo de Constantinopla – à data capital do Império Bizantino – após um cerco militar de 53 dias. Num dia 29 de Maio como este, servia-se frio o derradeiro ponto final à história milenar do Império Romano. Enquanto os otomanos avançavam sem dó nem piedade, os clérigos, fechados que estavam no conforto do concílio, concentravam-se, como habitual, em solenes e intrincados debates teológicos. Consta que naquele momento – enquanto Constantinopla caía – discutiam se os anjos teriam ou não sexo, ou o “sexo dos anjos”. Passados 569 anos, há quem continue a seguir o seu triste exemplo, promovendo debates vãos ao invés do foco nos que são urgentes.
Crise? Nos bolsos deles, os teus sacrifícios
Campanhas de Prevenção
Já está no ar a Cassete Pirata #5
📼 🏴☠️ O quinto episódio da Cassete Pirata, o podcast do Manifesto74, tem como tema central a manipulação na Comunicação Social em tempos de guerra e conta com a participação de: António Santos (Moderador) Constança Cunha e Sá (Jornalista), Carmo Afonso (Advogada), Bruno Carvalho (Jornalista) e Miguel Tiago (Geólogo).
Os óculos escuros de Pier Paolo Pasolini
“Homossexual – escritor – comunista – realizador – jornalista político – poeta – homem do teatro e não sei quantas coisas mais” – assim terá sido recordado, por Alberto Moravia, um dos homens que tanto marcou o panorama cultural no século XX como continua a marcá-lo, com a mesma eloquência e o mesmo arrojo, nos dias de hoje. Pasolini certificou-se de que seria difícil ou até mesmo impossível esquecê-lo, porém, num ano como este, em que se celebra o seu centenário e brotam retrospectivas como cogumelos, surge o imperativo de se fazer lembrar tudo aquilo que vai para além da estética ou da especulação, impedindo a tentativa de despolitização de uma obra monumental e inerentemente política.
Teremos sempre os nossos “drinks” de fim de tarde
E se não fosse a luta?
Comecemos pelas conclusões. Muitas das vezes, são as conclusões que nos servem como ponto de partida.
No passado dia 3 de maio, o jornal Observador fazia sair uma notícia com o subtítulo: «Número de estudantes do ensino superior nunca foi tão elevado e cresceu 20% nos últimos seis anos. Mestrado é o único ciclo que não regista aumento de inscritos». Tais “factos” merecem a nossa reflexão e o nosso questionamento. Para este exercício é importante ter mente alguns pontos cruciais.
Gentrificação é substituição de classe
Imagina que o Código do Trabalho dizia que em caso de incumprimento por parte do patrão, o trabalhador tem direito de rescindir o contrato.
Ou comes e calas, ou vais para o olho da rua.
Distópico, né?
Mas é exactamente isto que acontece com um contrato de arrendamento. Tu cumpres a tua parte, pagas a tua renda, mas a casa que estás a pagar já não é a casa que alugaste há uns tempos. Tem humidade, mete água, os canos do vizinho de cima lixam-te o tecto, o isolamento da placa foi de vela. Está a precisar de obras. O senhorio não se chega à frente, e a lei mete-te à frente duas hipóteses: a) Pagas as obras do teu bolso, com acordo do senhorio ou sem acordo se for por motivo de força maior ou b) Podes rescindir contrato.
É isto, parça. Ou comes e calas, ou vais para o olho da rua.