O mundo ao contrário

A Direcção-Geral de Saúde (DGS) pede aos lisboetas para que não coloquem o lixo nas ruas para que não se agravem as consequências da greve dos trabalhadores da autarquia. E por que não exige antes à Câmara Municipal de Lisboa que negoceie com os grevistas para que a situação regresse à normalidade? Faz recordar um jornalista chico-esperto que escreveu uma notícia sobre ambiente no Público e que responsabilizava as greves gerais pelo aumento substancial de poluição nas vias de acesso às grandes cidades. Já é rebuscado arrancar tal afirmação para inventar uma prosa contra a luta dos trabalhadores mas menos rebuscado seria se percebesse que quem vai trabalhar em dia de greve não é senão fura-greve. Ler mais

70 anos dos irmãos Cervi

Foi num 28 de Dezembro, em 1943, que o nazi-fascismo fuzilou os sete irmãos Cervi. Gelindo, Antenor, Aldo, Ferdinand, Agostinho, Ovidio e Hector, filhos de Alcide Cervi e Genoeffa Cocconi. A sua História constitui um notável momento de resistência, heroísmo e sacrifício. Uma família que se entregou completamente, dando tudo de si. Os sete irmãos e o seu pai constituíram um grupo de partizans de alcunha “Banda Cervi” que manteve uma intensa actividade militar na região italiana de Reggio Emilia, fazendo simultaneamente de sua casa um importante ponto de abrigo para todos os resistentes que precisavam de apoio, desde fugitivos a soldados soviéticos.

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1914, 100 anos depois.

2014 marcará 100 anos sobre o início da grande carnificina imperialista que foi a guerra 1914-1918, uma disputa bélica entre blocos imperiais que conduziu a Europa a uma destruição sem precedentes e vitimou milhões de seres humanos de muitas proveniências e nacionalidades, incluindo dos territórios que eram então colónias das potências em conflito. Muita água passou debaixo da ponte entre 1914 e 2014. Muitas foram as alterações e revoluções feitas e desfeitas, construídas e destruídas, impulsionadas e traídas. É assim a história da humanidade, feita de avanços e recúos, numa lógica não linear que a tanta gente custa compreender. Ler mais

Sr. Kennedy, não deixe os russos bombardearem o Pólo Norte por causa do pai natal

Por motivos que desconheço, a televisão portuguesa, durante dois dias, noticiou ininterruptamente uma carta não ao pai natal, mas ao presidente Kennedy. Dos anos 60, portanto. Não tive conhecimento de qualquer ataque bombista na Lapónia, de aumento de tensões entre Rússia e EUA, da morte de mais um Kennedy, nada. Gratuitamente esta notícia importantíssima passou em vários canais. A única ligação remota que lhe encontrei foi o facto de um dos petiscos finlandeses mais conhecidos ser com carne de rena. Nada mais. Ler mais

Testes

Diz o Diário Económico que as “eleições europeias são o teste político marcado para o próximo ano”. Nós dizemos que não. As troikas nacional e estrangeira que comandam os destinos do nosso país serão testadas todos os dias, a todas as horas e em qualquer lugar: numa manifestação como numa conversa de café, num piquete de greve ou numa viagem de elevador. Muito gosta a burguesia de reduzir a actividade política ao simples acto de votar. A política é, porém, muito mais que isso; política fazemos todos nós, todos os dias. Ler mais

Novembro 25 Dezembro: M74 contra os mitos

Dia 25 de Dezembro, o Manifesto 74 existe há um mês. Foi a 25 de Novembro de 2013 que abrimos este espaço, para afirmarmos que por aqui, continuamos a não aceitar o que nos trouxe o 25 de Novembro de 1975. Mas será que estes dois dias têm mais semelhanças do que se possa pensar? Vejamos… Ler mais

Natal em Caracas

Há muitos anos atrás, num país cuja tradição natalícia é o pernil de porco, os estômagos dos miseráveis das favelas não provavam mais do que hallacas. Do porco, só os restos que acompanhados de algum frango e vaca eram embrulhados com as azeitonas, passas e alcaparra em massa de milho. Depois, era tudo isto coberto por folhas de bananeira. Na Venezuela, a operação de feitura das hallacas é ainda hoje um hábito que envolve todas as famílias nas noites que antecedem a véspera do natal. Antes, o único momento em que os pobres da cidade viam um pernil de porco era quando a empregada o levava para a casa dos ricos. Ler mais

Passos Coelho, o usurpador

Com um recorde sem precedente histórico de nove reprovações no TC, o governo de Pedro Passos Coelho é o mais inconstitucional da jovem democracia portuguesa. Assume descontraidamente a sua malquerença pela Constituição da República e tem até inefável lata de declarar guerra sem quartel aos juízes que a juraram fazer cumprir. Ora esquecendo-se o governo que o seu poder deriva da Constituição e estando o Presidente da República em conluio com os usurpadores, cabe ao povo a missão constitucionalmente consagrada de reestabelecer a legalidade do governo. Porque em república a soberania reside no povo e não nas eleições e a ele pertence a coisa pública e não ao governo, assiste-lhe o direito de repor pelos meios que entenda a legalidade democrática. É importante que se assuma que este governo não é só ilegítimo porque governa contra o povo, é, constitucionalmente, um governo fora-da-lei. Ler mais