Desobedeçam!

A título de introdução, uma nota, para que se perceba o contexto: estou eleito dirigente sindical, pelos meus camaradas de trabalho, há quatro anos.

Na mais recente greve geral da função pública, no passado dia 17 de Março, as auxiliares de acção educativa das escolas estavam sujeitas (entendiam os directores) ao decreto de serviços mínimos emitido em Janeiro pelo tribunal arbitral devido à greve por tempo indeterminado do STOP.

Os serviços mínimos foram decretados “Face à duração e imprevisibilidade das greves decretadas pelo Sindicato de Todos os Profissionais da Educação”, lia-se num comunicado do governo de 27 de Janeiro. O pré-aviso do STAL dizia, acerca de serviços mínimos, que atendendo à curta duração da greve, não se prevê a necessidade de serviços mínimos.

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O poder revolucionário de uma ideia em Bento de Jesus Caraça

Natural de Vila Viçosa, onde nasceu na Rua dos Fidalgos, a 18 de Abril de 1901, Bento de Jesus Caraça, filho de trabalhadores rurais, foi um matemático, estatístico, demógrafo e professor universitário português, comprometido com a luta antifascista e a democratização da cultura e do ensino no seu país. É uma figura ímpar da cultura portuguesa, lembrado pelo seu exemplo de integridade e coerência. Militou no Partido Comunista Português, recusando a separação entre actividade intelectual e actividade política, e foi um dos fundadores do Movimento da Unidade Nacional Antifascista (MUNAF) que, posteriormente, daria origem ao Movimento de Unidade Democrática (MUD). Perseguido pelo regime, preso pela PIDE e demitido, em consequência, do lugar de professor catedrático no ISCEF, nunca abandonou as suas convicções. No dia em que se celebram os 90 anos de A Cultura Integral do Indivíduo, urge recordar Bento de Jesus Caraça como o verdadeiro marxista que era, sedento de transformar o mundo, ao invés de se limitar a descrevê-lo. Caraça morre aos 47 anos, a 25 de Junho de 1948, em Lisboa, porém, o vasto legado que nos deixa mantém vivos os ideais de liberdade.

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A ameaça comunista e o revisionismo histórico – entre o Tiktok, o 25 de Abril e “Holodomor”

Três coordenadas exemplares

1) “Sabe de outros empregados da ByteDance [empresa chinesa de tecnologia que detém o TikTok] que façam parte do Partido Comunista Chinês?” pergunta, pleno de hostilidade, Dan Crenshaw, congressista representante do Estado do Texas, a um visivelmente incrédulo Shou Chew, CEO do TikTok, durante a audiência congressional estadunidense ocorrida no final do passado mês de Fevereiro.

2) “Não podemos esquecer que a Primavera de Abril só é possível porque o Outono de Novembro impediu males maiores”, “A corrupção não era tolerada nem se conhecem episódios antes do regime democrático,” proferem os deputados municipais da IL e CH, respectivamente, no passado dia 25 de Abril em sessão solene na cidade de Setúbal.

3) “Este horror teve a sua origem no Kremlin – aí, o ditador tomou a cruel decisão de promover a colectivização forçada e provocar a fome”, afirma Robin Wagner, deputado dos Verdes (partido da coligação no poder) a propósito da resolução aprovada no Parlamento Alemão, a 30 de Novembro de 2022, instituindo “Holodomor” como genocídio.

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Huele a comisiones obreras

Na pedra secular do castelo está fixado um quadro que honra Hernán Cortés, conquistador divinamente destacado entre os povos mesoamericanos que o circundam em meia mesura, denunciando o classismo da coisa, afinal matar em nome de deus, da pátria e do rei, era tão legítimo e dignificante como o é hoje em nome do imperialismo, do capital e da urbanidade ocidental. O sol vai-se pousando por detrás das ameias do castelo medieval raiano, purpureando o céu à exacta medida com que as gravatas deslaçam a tempos o frouxo nó da noção, o dia foi longo e ao calor deu-se combate com gelo emagrecendo entre o álcool. As horas prazenteiras despertam com a história de um companheiro, vindo de uma ida aos sanitários, “saiu um dizendo que cheirava a merda e outro afirmou: – huele a comisiones obreras”.

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É disto que Marcelo Costa

Foto: Daniel Rocha/Público

O surgimento de uma sondagem que desse, finalmente, vitória ao PSD, era o último sinal de que Marcelo necessitava para pôr em marcha a fase ofensiva de um plano há muito arquitectado/desejado. A contestação das ruas, a fúria dos professores, a insatisfação com salários e pensões, o aumento do custo de vida, ou a significativa intensificação da precariedade laboral, são “critérios” pouco relevantes para Marcelo na sua origem e essência, mas que acabam por “contar” quando são úteis, de alguma forma, para visar ou desgastar o governo. Marcelo percebe “de que lado sopra o vento”, e como “o vento” se alia à cor da camisola, está na hora de, julga ele, assumir a liderança da oposição e, sobretudo, a dianteira mediática do ataque ao governo. Só quem não conhece Marcelo – e o seu longo currículo de profissional da maquinação de bastidores, de oportunismo e do intriguismo político – é que estranha esta situação, que é apenas e só resultado dessa crónica patologia de apego e dependência de mediatismo, de centro das atenções, em estreita aliança com a sua mal disfarçada partidarite.

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