“Mais vale pedir que roubar” por Fátima Rolo Duarte

O alegadamente jovem (será?) recente opinador Pedro Marques Lopes tem dos jornais uma ideia caricatural, ingénua. Imagina-os como ursos polares sentados em frágeis e diminutos blocos de gelo, ou seja, vítimas da natureza humana em forma de leitores mal intencionados, ursos condenados a uma injusta e perigosa extinção. Um país sem jornais é uma desgraça de país. Um país com maus jornais é o quê? Portugal já teve bons jornais que vendiam e disto tenho provas em papel. O Diário de Notícias, nomeadamente, vendia a sério no passado ainda recente de Mário Bettencourt Resendes, e agora? Vende 12034, para menos e não para mais. Leram bem: 12034 exemplares contando, imagino, com os que lemos nos aviões, comboios e sei lá mais por onde se espalha o DN para arredondar números.

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B-a-bá dos juros de uma dívida «nossa»

Disseram-nos que devíamos 220 mil milhões a alguém por andarmos a viver acima das nossas possibilidades. Não sabemos bem a quem devemos esse dinheiro, mas sabemos que nos vieram ajudar a pagar a dívida para podermos ter trabalho e salário. Bancos acorreram a salvar-nos, através do FMI, e emprestaram-nos 82 mil milhões de euros.

No entanto, a bondade, paga-se. Chama-se juro. E de juros, pelo dinheiro que nos emprestaram para nos ajudar temos que pagar 8,2 mil milhões. Por ano.

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Ante a gargalhada geral: o ridículo somos nós?

O episódio protagonizado ontem por um Ministro do Governo de Portugal tem sido objecto de sátira, de gargalhada geral, de ridicularização, de misturas musicais, de redes sociais com menções irónicas, foi mesmo epitetada de «Pires de Lima show» (desafio-vos a colocarem o nome do Ministro no google e ver o que aparece) e, ainda assim, não consigo esboçar sequer um sorriso ante qualquer uma delas.

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Fiscalidade verde.

Colocando o epíteto “verde” após qualquer palavra, de repente, tornou-se a forma mais eficaz da propaganda pseudo-ecologista. “Verde”, “natural”, “biológico”, “eco”, enfim, um sem número de termos que, independentemente da sua ligação com a realidade, rotulam qualquer coisa, por mais poluente que seja, como a mais ecologicamente sustentável das coisas.

Ora, no caso da fiscalidade verde portuguesa, apresentada pelo governo laranja, o termo “verde” deve vir da cor das collants do Robin dos Bosques, que terá sido certamente a fonte de inspiração para esta reforma. O Governo dos ricos é o Robin dos Bosques dos ricos e a fiscalidade verde é a embuscada que fazer na floresta fiscal para tirar aos pobres e distribuir pelos ricos.

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A repressão no Sudão de que ninguém fala

Está em curso uma violentíssima campanha repressiva contra o Partido Comunista do Sudão, que só nas últimas duas semanas já prendeu ou fez desaparecer mais de dez dirigentes. As poucas notícias disponíveis, dão conta de que no passado dia 3 de Novembro o próprio Secretário-geral Suleiman Ali terá sido detido pela polícia numa operação contra uma tipografia do partido.

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Contra o sectarismo

Ao longo do fio ideológico do movimento comunista internacional (MCI), os desvios de esquerda e de direita contra a ciência do marxismo-leninismo correspondem invariavelmente a passos atrás na batalha das ideias que acompanham as convulsões naturais da luta de classes, varando contudo o movimento operário de crespos espinhos, por vezes com a profundidade de vários séculos.

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Amar em tempos de guerra

«Vós, que surgireis do marasmo em que perecemos, lembrai-vos também, quando falardes das nossas fraquezas, lembrai-vos dos tempos sombrios de que pudestes escapar. Íamos, com efeito, mudando mais frequentemente de país do que de sapatos, através das lutas de classes, desesperados, quando havia só injustiça e nenhuma indignação. E, contudo, sabemos que também o ódio contra a baixeza endurece a voz. Ah, os que quisemos preparar terreno para a bondade não pudemos ser bons. Vós, porém, quando chegar o momento em que o homem seja bom para o homem, lembrai-vos de nós com indulgência.»

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