O partido político do capital (PS-PPD-PSD-CDS-PP) prepara-se para nos próximos cinco anos impor ao país cortes no valor de mais sete mil milhões de euros. As vítimas: a saúde, a educação, os salários, as pensões e as reformas dos trabalhadores. Os vitimários: os banqueiros, os patrões e os latifundiários. E enquanto a economia do país dos ricos recupera, a economia do resto do país afunda-se na perpetuação dos sacrifícios e na destruição de Abril. Como dizia há meses um dirigente do PSD, o país está melhor, os portugueses é que vivem pior. Não nos esqueçamos de que não há um país mas dois, o de quem trabalha e o de quem explora e, sendo que o primeiro não precisa do segundo mas o segundo precisa do primeiro, a guerra civil (na acepção leninista) é inevitável. Daqui a dez ou a cem anos.
Quatropães

Na vila de Quatropães cada um vive como pode. Aqui, quando se sai de casa a molhar os pés no mar, não se vive, sobrevive-se. No calor da revolução ocorrida há 40 anos, Quatropães cresceu em tudo menos nas fronteiras. Havia trabalho e pão e cultura; escolas e hospitais; mais fábricas e exércitos de mulheres e homens, com os filhos pela mão à espera do toque do sino que chamava para a entrada da escola, a que se seguia o toque de entrada na fábrica.
A EGF e a Camorra.

Nesta altura de crise de valores – daqueles que se transaccionam na bolsa – tudo serve de pretexto para mais umas privatizaçõezinhas. Há pouco dinheiro nos cofres do Estado e ao que parece, vender empresas lucrativas por umas bagatelas pode injectar nas contas públicas o suficiente para equilibrar o défice pelo menos por três meses e assim apresentar boa contabilidade ao patrão alemão que agora até salsichas educativas nos impõe.
“Exemplar”.
O que espanta nos resultados do referendo escocês é a escassa diferença entre “Sim” e “Não”. O que espanta é a extraordinária mobilização em torno da ideia e da ambição de independência, quando durante a campanha eleitoral todos os poderes do mundo – a União Europeia, os Estados Unidos, a NATO, o FMI, a banca, o governo inglês e até a rainha lá do burgo – ingeriram de forma clara no processo. Um processo “exemplar”, nas palavras de Teresa de Sousa, a eminência que opina sobre assuntos internacionais e europeus na rádio pública. De resto ouvi esta manhã na Antena1 que “os mercados respiraram de alívio com o resultado do referendo”. Alívio para os mercados, pesadelo para os povos.
“When the shit hits the fan”

A língua inglesa tem uma expressão (“When the shit hits the fan”) que em português é mais ou menos traduzível – à letra – por “quando a trampa atinge a ventoinha”. A expressão alude à ideia de trampa projectada em todas as direcções, manchando quase aleatoriamente aqueles que apanha pelo caminho. Lembrei-me dela hoje quando vi a capa da Visão.
“Fácil, barato e dá milhões” por António Filipe
Ele diz aquilo que pensa que as pessoas gostam de ouvir. Sem dizer uma palavra sobre o que propõe para o país, ou para o que quer que seja, ataca políticos e magistrados, ataca patrões e trabalhadores, diz mal da esquerda e da direita, critica a impunidade dos criminosos e a autoridade dos juízes. Fez-se um símbolo dos sem papas na língua, que disparam sobre tudo o que mexe, com um discurso justicialista, homofóbico, populista.
Sim à Escócia Independente!
Celebra-se hoje na Escócia o referendo que deposita nas mãos do seu povo a soberania perdida há quatrocentos anos. Mas não nos iludamos, se o sim ganhar, o povo escocês continuará oprimido. A liberdade verdadeira só virá com o socialismo e, como se perguntava Connolly, de que serve substituir a Union Jack, por outra qualquer bandeira, se quem continuará a governar serão outros representantes da mesma burguesia?
Jonet ao espelho

Já comecei e apaguei o início deste texto demasiadas vezes. Custa-me ter tanta coisa para dizer que nem que diga. Jonet voltou ao ataque. Isto, por si só, deveria fazer-nos tremer não de medo, mas de nojo. Jonet, profissional da caridadezinha desde 1994, quando deixou de trabalhar. Recordemos quem Isabel Jonet casou com um jornalista da Lusa destacado em Bruxelas para acompanhar a adesão portuguesa à CEE. Curiosamente, esse jornalista passou a integrar a missão portuguesa como responsável pelas relações com a imprensa. Simultaneamente e por acaso, certamente, Jonet passou a trabalhar também na missão lusa, com as funções de tradutora. Em 1994, voltou a Portugal e decidiu deixar de trabalhar. Coisa que continua sem fazer em 2014.