CDU e Bloco – Diferenças de Classe

Fotografia retirada do site Esquerda.net

João Teixeira Lopes, dirigente do Bloco de Esquerda, acaba de dar à estampa um sórdido artigo sobre as diferenças entre o BE e a CDU, em que, grosso modo, ficamos a saber da coerência do primeiro e do sectarismo do segundo. Malgrado não seja meu costume dar réplica à espuma que a infantilidade deste partido vai salivando no calendário, este escrito é tão intelectualmente desonesto e reveste-se de tão torpe violência que não pode acabar sem desmentido. Mas fique mónita, em jeito de declaração de interesses, sobre a minha cor: sou militante de base do PCP e, infelizmente, não sou tão livre como os eleitos (europeus ou municipais) que o BE gosta de empoleirar antes de partirem para mais altos voos, em novas e distantes paragens no colo do PS e da Direita. Terão que desculpar-me os dirigentes do BE tão sectário comprometimento, que confio não enjoar estas linhas.

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Daqui ___________________ ali, já não há nada a perder

É fácil ouvir a desesperança nas palavras quotidianas. Na verdade, a economia “de mercado”, a obsessão com défices, as “regras de ouro” acabaram por transformar, passo a passo, na mesmíssima estrada percorrida há muitas décadas, cada um de nós para cada um dos outros em mais um.

Mais um que consome recursos do Estado, mais um que rouba empregos, mais um que se vende cada vez mais barato baixando os salários de todos, mais um doutorado, mais um analfabeto, mais um sem subsídio de desemprego, mais um subsídiodependente.

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17 de Maio: o adeus à Troika

Acordei estranhamente feliz. No telhado chilreiam pardalitos, pintassilgos e uma livre andorinha faz o seu ninho no topo da chaminé do meu prédio. Saio da cama num pulo e dirijo-me saltitante até às janelas da casa, abro-as todas e deixo entrar a brisa fresca que passeia pelas ruas. A vizinhança está diferente, ouvem-se risos e suspiros de alívio em todas as casas. O sol brilha melhor e a relva está mais verde, algo mudou.

Rapidamente entro num banho quente mas refrescante, um banho que me coloca em paralelo com este dia novo e belo, um banho que me limpa da sujidade do tempo que já passou e que não queremos que volte. Visto cores garridas e vivas, nas colunas o Gene Krupa está ainda mais ritmado e certo dos seus tempos, cada batida na tarola faz-me mover uma nova parte do corpo, faz-me até mover partes do corpo que desconhecia. Até o barulho perturbador do espremedor eléctrico de laranjas me oferece hoje música para os ouvidos.

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“CDU, a voz que me representa a mim e não aos grandes grupos económicos que me declararam guerra.” – por Joana Manuel

Sou candidata independente nas listas da CDU. E começo por sublinhar que sou candidata independente porque isso não é um pormenor. Aceitei o convite para integrar a lista, porque preciso, como cidadã e eleitora, de reforçar a voz que me representa. E porque me fez sentido dar um contributo mais, para além do voto.E a CDU é a voz que me representa por diversas razões. É relativamente fácil olhar para o nosso passado recente e perceber qual foi a força política que sempre fez o contrabalanço de uma onda de contágio quase épico sobre o estarmos “na Europa”.

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Sobre o “enquadramento internacional do PCP nestas eleições”

Vi a edição desta noite do espaço de comentário que Francisco Louçã ganhou na SICn. Nele Louçã entendeu dar a sua opinião – legítima, naturalmente – sobre os “pontos fortes” e os “pontos fracos” das diferentes listas de candidatos ao Parlamento da União Europeia, nomeadamente aquelas que correspondem a partidos ou coligações com representação no actual parlamento.

Sobre a lista da CDU Louçã referiu como ponto forte a presença activa do PCP na luta contra a austeridade. Interessa-me em todo o caso explorar aquilo que referiu como ponto fraco já se baseia numa falsidade absoluta.

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A que sabe o pão que comes?

Quando um projecto musical denominado “Zeca Sempre” decidiu censurar a merda a que sabia o pão que o Zeca cantou confesso que fiquei pasmado com a ousadia. Não é comum que sejamos ousados a este ponto; homenagear alguém fazendo precisamente aquilo contra o que o alvo do tributo sempre se bateu.

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