Todos os artigos: Nacional

25 de Novembro, o dia em que temos de fazer tudo de novo

As tentativas de reescrever a história por parte da extrema-direita não são uma novidade nem em Portugal, nem na Europa. São o caminho que tem vindo a ser trilhado com a conivência daquilo a que se chama, nos dias de hoje, valores ocidentais.

As tentativas da direita e extrema-direita em relevar o 25 de novembro, não são menos do que procurar descredibilizar a Revolução de Abril e as suas conquistas, que tanto custam a engolir aos herdeiros do fascismo. A referência a Jaime Neves, em particular, que na noite de 24 para 25 de Abril se furtou à missão que lhe tinha sido confiada pelos militares revoltosos, por motivos mais mundanos, como é público, é um insulto nojento à memória das vítimas dos massacres de Wiryamu, Chawola e Juwau, no distrito de Tete, em Moçambique, a 16 de dezembro de 1972.

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Fausto: Para lá do que é eterno

Fotografia de Egídio Santos, captada na Festa do Avante! de 2015.

A 26 de Novembro de 1948, nascia-nos Fausto Bordalo Dias a bordo do navio Pátria, em pleno Oceano Atlântico, em alto-mar, por cima das águas. E parece que não podia ser de outra maneira. A 19 de Novembro de 2022, o seu disco-epopeia Por este rio acima, inspirado nas viagens de Fernão Mendes Pinto, completava 40 anos de pimenta e maravilha. Foi na amplitude de uma Aula Magna transbordante de emoções que centenas de navegantes se reuniram para os celebrar, como quem celebra o aniversário de um melhor amigo comum. No dia 20, voltariam outros tantos a navegar rumo ao edifício da Reitoria da Universidade de Lisboa, já que a primeira data esgotara num piscar de olhos. Também não podia ser de outra maneira.

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Unidos como os dedos da mão

Em 2004, num Congresso em Almada, o camarada Jerónimo de Sousa sucedia a Carlos Carvalhas como Secretário-Geral do Partido. Assisti às peças sobre esse Congresso na televisão, em casa da minha madrinha, numa pequena sala que servia sempre de actividades paralelas às conversas que duravam noite dentro na sala de jantar e de estar, com família e amigos.

Inscrita na JCP desde o ano anterior, mas ainda muito verde e inexperiente, olhava para aquele momento com a solenidade que o que não conhecemos, mas admiramos, nos impõe.

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A cultura do desinvestimento

Desdobram-se em discursos pomposos, multiplicam-se em declarações de amor à cultura e às artes, gostam tanto de ouvir orquestras, daquelas cujo maestro é estrangeiro, e de ver um bailado sem pensar em nada. Como adoram sentar-se confortavelmente na penumbra da maior sala de um teatro nacional perante uma peça de Molière, de Pirandello, de Strindberg. Como tampouco podem deixar de comentar, de flute em riste, com os outros burgueses, que apreciaram muito este e aquele actor; que o cenário era – Oh! – extraordinário; como complementava o texto o violoncelo de fundo; como se arrepiaram – clássico – quando o veludo vermelho da cortina se ergueu. Pouco importa, então, se os actores são precários e se afogam em recibos verdes, se o violoncelista também é empregado de escritório, se os técnicos de luz e som, mais os figurinistas e os funcionários da bilheteira contam trocos no final do mês para pagar uma renda asfixiante, naturalmente, já nos subúrbios. Assim se faz Portugal, uns vão bem e outros mal. É mesmo assim e assim será, no maravilhoso mundo das democracias liberais, desta vez com uma maioria absoluta que nunca ouviu falar em investimento ou descentralização, ou para a qual o interesse pela melhoria das condições de vida dos trabalhadores é uma anedota, um capricho, uma utopia de esquerda.

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És um dos nossos

Fonte: CNN Portugal

As tarefas no PCP, tal como nos têm vindo a transmitir, não são eternas. São sim passageiras, fruto dos tempos e das circunstâncias individuais e coletivas. A de secretário-geral do Partido dos Trabalhadores, o Partido Comunista Português, não é diferente. O Jerónimo foi e é um dos milhares de pessoas que dão braços na construção de um mundo melhor e prestou o seu melhor contributo ao Partido, antes e durante a sua tarefa. Certamente continuará a dá-lo daquela forma que só ele sabe: com seriedade, honestidade e competência.

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Morte, a Santa Redentora

A inevitabilidade da circunstância não determina o Homem e a sua natureza, – se assim fosse, o mundo seria um lugar bem pior, pela fatalidade aparente da exploração. O Homem salva-se da sua própria circunstância por determinações de consciência e de consciencialização de classe, o Homem perpetua-se pelos seus posicionamentos e opções políticas, pelos caminhos que decide trilhar e pelas escolhas que, de forma livre, decide tomar. Independentemente do quanto se possa dobrar a narrativa, a verdade é o cru e duro reflexo, mas, sempre justo, da realidade e do passado; para o bem ou para o mal, os homens e as mulheres são a sua história e a memória dos seus actos.

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125 rosa

Eu sei que os Trovante se tornaram numa espécie de guilty pleasure de pessoal da minha geração e mais velho, que não há paciência para o Represas, e o cabelo e está gordo e as letras, que agora são pobres, mas, afinal, estamos quase todos como as letras dele. O 125 dos Trovante era azul, mas os que hoje começam a cair nas nossas contas têm tons de rosa. Uma mesada de um mês, que vai dar muito jeito aos cerca de seis milhões de beneficiários, mas que é tão pequena, que roça o insulto. É que a vida, para a esmagadora maioria da maioria esmagada, não acaba em outubro.

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Nós sabemos. Mas eles também.

Da inflação temporária ao perigo de uma recessão global foi um tirinho que muitos não esperavam. António Costa anunciava no final de 2021, juntamente com Centeno, que a inflação não podia motivar um aumento salarial, porque era “um fenómeno temporário” . Aliás, não apenas a inflação era um fenómeno temporário, como o aumento dos salários poderia torná-la permanente, diziam como justificação para o tremendo corte salarial que impôs o governo de maioria absoluta do PS aos trabalhadores da função pública que, confrontados com uma inflação de 7 a 8% (acumulada), tiveram um aumento salarial de 0,9%. Ou seja, numa ordem de grandeza abaixo dos valores da inflação.

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