Todos os artigos: Nacional

125 rosa

Eu sei que os Trovante se tornaram numa espécie de guilty pleasure de pessoal da minha geração e mais velho, que não há paciência para o Represas, e o cabelo e está gordo e as letras, que agora são pobres, mas, afinal, estamos quase todos como as letras dele. O 125 dos Trovante era azul, mas os que hoje começam a cair nas nossas contas têm tons de rosa. Uma mesada de um mês, que vai dar muito jeito aos cerca de seis milhões de beneficiários, mas que é tão pequena, que roça o insulto. É que a vida, para a esmagadora maioria da maioria esmagada, não acaba em outubro.

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Nós sabemos. Mas eles também.

Da inflação temporária ao perigo de uma recessão global foi um tirinho que muitos não esperavam. António Costa anunciava no final de 2021, juntamente com Centeno, que a inflação não podia motivar um aumento salarial, porque era “um fenómeno temporário” . Aliás, não apenas a inflação era um fenómeno temporário, como o aumento dos salários poderia torná-la permanente, diziam como justificação para o tremendo corte salarial que impôs o governo de maioria absoluta do PS aos trabalhadores da função pública que, confrontados com uma inflação de 7 a 8% (acumulada), tiveram um aumento salarial de 0,9%. Ou seja, numa ordem de grandeza abaixo dos valores da inflação.

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Já está no ar a Cassete Pirata #6

📼 🏴‍☠️ O sexto episódio da Cassete Pirata, o podcast do Manifesto74, tem como tema central a luta dos trabalhadores nestes tempos de inflação e conta com a participação de:

– António Santos (Moderador) Luís Baptista (Dirigente do Sindicato de Hotelaria do Sul), Mafalda Santos (Coordenadora pelo distrito de Setúbal do Movimento Os Mesmos de Sempre a Pagar), Rogério Silva (Secretário-Coordenador da Fiequimetal) e Sebastião Santana (Secretário Geral da Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública).

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Do Ribeiro ambiental ao esgoto a céu aberto

Desde o início da invasão russa da Ucrânia, vieram a público alguns especialistas instantâneos em diversas áreas: relações internacionais, geopolítica, geoestratégia, história, resolução de conflitos, estratégia militar, entre outros. E não estou a falar dos comentadores residentes nos diversos media, os tudólogos, que tanto têm opinião e sabedoria para disseminar sobre política internacional ou o melhor esquema tático do Benfica, a morte da rainha de Inglaterra ou a localização do novo aeroporto de Lisboa. Esta sabedoria, de quem veio ao mundo para nos iluminar, aos comuns mortais, é sancionada pelos jornalistas que os acompanham, sem que exerçam o seu dever de contraditório que, de tempos a tempos e dependendo dos convidados, exercem com veemência.

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Tornar-se imortal e, depois, morrer: homenagem a Godard

No filme À bout de souffle, Jean Seberg, na pele de uma jornalista, pergunta ao escritor famoso encarnado por Jean-Pierre Melville qual é a sua maior ambição na vida. Este tira os óculos escuros e a sua resposta é já proverbial: devenir immortel, et puis, mourir. Tornar-se imortal e, depois, morrer. Na eventualidade de Jean-Luc Godard ter ambicionado o mesmo, é seguro dizer agora que, se alguém o conseguiu, em 91 anos de vida e 63 de cinema, foi o próprio, teimoso como a obra que deixa, bela como um decreto de expropriação

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Em memória de Wiriyamu

Na passada sexta-feira o primeiro-ministro, de visita a Moçambique, fez um pedido de desculpas pelo Massacre de Wiriyamu. Foi o quebrar da nossa versão do “Pacto del Olvido”, e afronta uma série de gente. Durante décadas o Massacre de Wiriyamu (entre outros) foi olimpicamente ignorado. Mas aconteceu.

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Assim se faz um pobre

Com cara fechada sobre uma solenidade que denuncia o compromisso umbilical e político com os senhores da alta finança, lançou assim António Costa, nossa nova Dona Abastança, o anúncio de várias medidas paliativas que passam certidão de óbito a qualquer laivo de socialismo desta maioria parlamentar.

Numa altura em que se percebe que a inflação e a carestia de vida só paulatinamente voltarão a valores considerados dentro da normalidade, cenário confirmado por Mário Centeno, governador do Banco de Portugal e ex-ministro das finanças de António Costa, as medidas anunciadas pelo governo, de carácter extraordinário e temporário, não configuram um conjunto de soluções e respostas ao que enfrentam o povo e os trabalhadores portugueses. De facto, o anúncio resulta, em larga medida e em boa análise, num financiamento dos lucros do grande capital e dos sectores estratégicos, nomeadamente os energéticos e agro-alimentares, através do erário público, subsidiando de forma extraordinária o poder de compra dos trabalhadores, mantendo intocável a posição de privilégio económico e fiscal destes grupos.

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(In)consciência de Classe para Gente com Pressa

O português sai de casa e vai comprar o combustível mais caro que alguma vez já comprou à GALP, e pelo caminho ouve na rádio que a mesma GALP acaba de apresentar lucros de 420 milhões de €, uma subida de 153% face ao período homólogo. Depois vai ao Pingo Doce e constata que, do pão à escova de dentes, está tudo muito mais caro, e de passagem lê na banca dos jornais que a dona do mesmo Pingo Doce (Jerónimo Martins) acaba de apresentar lucros de 261 milhões, uma subida de 40% face ao período homólogo. Ao almoço, usa o cartão de refeição Edenred para pagar uma refeição diária, que já aumentou duas vezes no espaço de um ano, e vê no rodapé do telejornal que essa mesma Edenred tivera proveitos de 170 milhões, uma subida de 28%. Depois passa numa papelaria para comprar uma resma de papel para os trabalhos do filho e vê na banca que a Navigator somou lucros de 162 milhões de euros, mais 151% do que no mesmo período do ano passado. Em seguida, pega no telemóvel e lê uma mensagem de alerta de fim de plafond de dados móveis, e ouve na rádio que a NOS lucrou 85 milhões e a Sonaecom 48, que representam subidas de 16 e 20% respectivamente.

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